A Controvérsia do Ácido Oxálico nos Alimentos

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Alimentos vegetais e frutos verdes em geral têm a fama de serem alimentos muito nutritivos e saudáveis. Porém, muitos desses alimentos contêm uma substância chamada de ácido oxálico, que é conhecida por ser um “antinutriente”.

Isso significa que o consumo de ácido oxálico prejudicaria a absorção de outros nutrientes importantes e causaria até doenças como o cálculo renal. Afinal, o ácido oxálico é bom ou ruim? Seus efeitos para a saúde são tão nocivos como dizem por aí? Vamos explorar a controvérsia do ácido oxálico e esclarecer todas as suas dúvidas sobre o assunto.

Ácido Oxálico

O ácido oxálico, também conhecido como oxalato, é um ácido orgânico encontrado naturalemnte em diversas plantas, que incluem vegetais, frutos e sementes. Além disso, o oxalato pode ser sintetizado no nosso organismo através da ingestão da vitamina C, que pode ser convertida em oxalato quando metabolizada no corpo.

Ácido Oxálico nos Alimentos

O oxalato é encontrado em quase todos os vegetais, mas alguns apresentam quantidades muito altas e outros muito baixas desse composto. Os alimentos com alto teor de oxalato, ou seja, que apresentam cerca de 100 a 900 mg de ácido oxálico por porção, incluem:

Além desses alimentos, praticamente todas as verduras apresentam oxalato em sua composição.

A Controvérsia

– Ácido oxálico e pedras nos rins

Uma vez dentro do organismo, seja pelo consumo de alimentos ou pela síntese de oxalato pelo próprio organismo, o oxalato pode se ligar a minerais presentes no corpo para formar compostos como o oxalato de cálcio ou o oxalato de ferro, por exemplo. Isso ocorre na maioria das vezes no cólon (intestino grosso), mas também pode ocorrer nos rins ou em outras partes do trato urinário.

Para a maior parte das pessoas, esses compostos de oxalato são eliminados pelas fezes ou pela urina. Porém, em indivíduos mais sensíveis, sais de oxalato não são tão facilmente eliminados e o consumo excessivo de ácido oxálico pode causar cálculos renais e outros problemas de saúde.

Mesmo assim, não podemos afirmar que o oxalato é o único responsável pelo problema. Normalmente, o cálcio e pequenas quantidades de oxalato estão presentes no trato urinário ao mesmo tempo, mas permanecem dissolvidos na maior parte do tempo e não causam problemas. Porém, quando há um mau funcionamento nos rins ou falta de água no organismo, essas substâncias podem levar à formação de sais, que se acumulam causando as pedras nos rins.

É verdade que cerca de 80% dos casos de cálculos renais são causados por oxalato de cálcio, mas também é verdade que isso ocorre quando, por algum motivo, o volume de urina é baixo e não consegue eliminar esses sais na urina. Assim, o recomendado é tomar muita água sempre. E se a pessoa sofre problemas recorrentes de pedras nos rins, é bom limitar o consumo diário de oxalato na dieta, já que ele também é produzido no organismo contra a nossa vontade através de processos metabólicos.

A maioria dos urologistas prescreve uma dieta mais rigorosa com baixo teor de ácido ocálico (menos de 50 miligramas por dia) para pacientes com níveis elevados de oxalato na urina e histórico de cálculo renal.

– Ácido oxálico e a absorção de minerais

Também é dito por aí que o oxalato pode reduzir a absorção de minerais pelo organismo. Ele se liga com alguns nutrientes, deixando o organismo em déficit de alguns deles. Comer grandes quantidades de alimentos com alto teor de ácido oxálico ao longo de um período de semanas a meses pode resultar em deficiências nutricionais, mais notavelmente de cálcio.

Essa é uma das principais preocupações com a saúde em relação ao oxalato, já que ele pode se ligar a esses minerais no intestino e evitar que o corpo os absorva ou diminuir a absorção.

O espinafre, por exemplo, é um vegetal rico em cálcio e em ácido oxálico, o que pode resultar numa absorção menor do que a esperada de cálcio devido à formação de sais de oxalato de cálcio. Porém, vale lembrar que a recomendação diária de cálcio em uma dieta saudável já leva em conta que parte desse mineral não será absorvido pelo organismo. Assim, dificilmente seu corpo estará deficiente em cálcio se você seguir as recomendações nutricionais indicadas pelos profissionais da saúde.

Além disso, muitos afirmam que a ingestão de fibras e oxalatos em conjunto, que acontece quando ingerimos diversos tipos de verduras, dificulta ainda mais a absorção de nutrientes. Ainda assim, nem todos os minerais presentes ou absorvidos pelo nosso corpo formam sais com o ácido oxálico. Desta maneira, não é uma afirmação totalmente verdadeira que o oxalato reduz a absorção de minerais.

– Ácido oxálico no intestino

O intestino determina a quantidade de oxalato que será absorvida. Alguns dos oxalatos que você ingere podem ser quebrados por bactérias no intestino, e isso ocorre antes de ele se ligar a minerais formando sais. Porém, algumas pessoas não tem essas bactérias no intestino ou tem em pouca quantidade, devido ao uso de antibióticos, por exemplo. Assim, o intestino não é mais capaz de regular a absorção de oxalato.

Desta forma, pessoas que já tomaram muito antibiótico ou que sofrem de disfunção intestinal podem se beneficiar de uma dieta mais restrita em oxalato para evitar oxalato demais no organismo.

– Ácido oxálico e a intoxicação

Os sintomas de intoxicação por ácido oxálico incluem fraqueza, queimação na boca ou na garganta, morte por colapso cardiovascular ou respiratório, dor abdominal, náuseas, vômitos, diarréia, convulsões e coma.

É importante lembrar que tudo em excesso, sendo totalmente saudável ou não, faz mal. Porém, para uma pessoa que pesa cerca de 67 kg atingir uma dose letal de ácido oxálico, por exemplo, ela teria que consumir cerca de 25 gramas de ácido oxálico em um dia. Pode parecer pouco, mas para conseguir alcançar uma absorção de 25 gramas de oxalato, esse indivíduo teria que comer cerca de 5 kg de verduras em um único dia.

– Ácido oxálico e doenças

Indivíduos com gota, artrite reumatóide ou certas formas de dor vulvar crônica são aconselhados a evitar alimentos ricos em ácido oxálico. Há ainda um boato de que o ácido oxálico em demasiado é capaz de desenvolver doenças como o autismo. Tais afirmações são totalmente infundadas e não apresentam nenhuma base científica até hoje que comprove esses dados.

Ácido Oxálico nos alimentos faz bem ou mal?

De um modo geral, pessoas que tendem a ter pedras nos rins devem se beneficiar de uma dieta com baixo teor de oxalato. Porém, pessoas saudáveis que não apresentam esse problema não devem evitar o consumo de alimentos com ácido oxálico, já que eles são extremamente nutritivos e não te causarão problemas.

Pensando nessas pessoas com dificuldade para eliminar os compostos de oxalato, é possível montar uma dieta com baixo teor de ácido oxálico, o que significa ingerir no máximo 50 mg de oxalato por dia.

Dicas para limitar o uso de oxalato:

Alimentos com alto teor de cálcio e baixo teor de ácido oxálico:

Mesmo que você tenha um metabolismo mais sensível, não é recomendado cortar os vegetais e outros alimentos ricos em ácido oxálico da dieta. O ideal é adequar a quantidade consumida com as necessidades e limitações do seu organismo.

Veredicto

Desta forma, o ácido oxálico não faz mal. Existem apenas algumas pessoas que tem dificuldade de eliminar sais de oxalato eventualmente formados dentro do organismo. Limitando o consumo diário de oxalato, qualquer pessoa pode e deve usufruir dos benefícios dos vegetais e frutos verdes na dieta.

Além de tudo, alimentos ricos em ácido oxálico são ricos em substâncias antioxidantes, que têm um importante papel no sistema imunológico e na prevenção de doenças como o câncer, por exemplo. O oxalato é uma substância necessária para a saúde do organismo, especialmente do intestino grosso. Não é à toa que o próprio organismo sintetiza ácido oxálico através da ingestão da vitamina C. Por que outro motivo o organismo sintetizaria por conta própria uma substância que não fosse benéfica para ele?

Assim, use fontes de ácido oxálico à vontade na dieta e apenas tenha um pouco de cautela se você tem tendência a problemas renais. Sempre lembrando que uma dieta bem equilibrada é a chave para uma vida saudável.

Referências adicionais:

Fonte

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