Atum em Lata Faz Mal à Saúde?
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Quem aprecia comer peixe provavelmente já deve ter consumido o atum ao menos uma vez na vida. E dá para utilizar o alimento como ingrediente de diversas receitas: sanduíches, patês, pizzas, esfirras e como acompanhamento de massas, por exemplo.
- Veja mais: Receitas fit com atum.
O atum é classificado como uma fonte magra de proteínas e também é conhecido por ser fonte de nutrientes como ômega 3, fósforo, selênio, potássio, vitamina B3, vitamina B6, vitamina B12 e vitamina D.
Mas será que é verdade que o atum em lata faz mal à saúde?
Uma maneira simples de adquirir o peixe é comprar o alimento enlatado, desses que a gente encontra facilmente à venda nos supermercados. Mas será que o atum em lata faz mal à saúde?
O atum em lata está associado a benefícios como a saúde cardiovascular e manutenção dos níveis do bom colesterol (HDL), que previne que o colesterol ruim (HDL) seja armazenado na forma de placa dentro das paredes das artérias.
Entretanto, o problema do atum enlatado pode estar na quantidade de mercúrio em sua composição. Segundo a Agency for Toxic Substances and Disease Registry dos Estados Unidos, trata-se de um metal que pode provocar reações adversas no sistema nervoso e na função cerebral, principalmente para mulheres que estejam grávidas.
A nutricionista Erin Coleman alertou em relação ao perigo do consumo excessivo do atum em lata. Segundo ela, ainda que o organismo excrete o metal lentamente ao longo do tempo, ingerir uma quantidade grande da substância pode provocar um acúmulo de mercúrio em tecidos corporais como o cérebro e os rins.
Conforme a nutricionista, alguns dos sintomas da exposição de longo prazo ao metal são: dormência na pele, tremores, dificuldade para caminhar, problemas de visão, problemas de memória, convulsões e dano ao cérebro do neném quando a ingestão ocorre durante a gestação ou o aleitamento.
Por conta disso, aconselha-se consultar o médico antes de comer o atum, especialmente para os casos de mulheres gestantes.
A Food And Drug Administration, órgão regulador dos Estados Unidos, considera o atum claro uma alternativa mais segura do que o atum branco por conter teores baixos de mercúrio.
Por sua vez, o The Spruce esclareceu que o atum enlatado contém menos mercúrio do que o peixe fresco ou na forma de filé congelado porque geralmente o peixe menor, que acumula menos mercúrio, costuma ser enlatado e o peixe maior, que concentra uma quantidade maior do metal, é utilizado para fazer os filés de atum.
Especialistas têm opiniões divergentes quanto ao peixe
Em reportagem de 2015 do Times, o médico professor associado de pediatria clínica, Asim Maqbool, contou que recomenda especificamente o atum claro enlatado em água, que é uma boa fonte de ômega 3.
Por outro lado, o médico, professor adjunto da saúde ambiental na Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard e pesquisador de toxinas, Phillippe Grandjean, afirmou ao Times que não existe espaço para nenhum tipo de atum enlatado na dieta.
De acordo com Grandjean, o atum em lata faz mal à saúde contribuindo com mais de 1⁄3 da exposição ao mercúrio do americano comum e cerca de uma a cada seis mulheres da população costeira dos Estados Unidos possui níveis elevados de mercúrio que poderiam causar danos a um feto.
O professor e pesquisador encoraja as pessoas a consumirem salmão e camarão, assim como o seu colega, o médico e professor de medicina ambiental e ocupacional na Universidade Rutgers, nos Estados Unidos, Michael Gochfeld, informou o Times.
Segundo a publicação, Gochfeld disse ainda que as mulheres grávidas não devem comer o atum branco, precisam limitar a ingestão de atum claro e que estariam muito melhor se escolhessem o salmão que tem muito menos mercúrio e muito mais ômega 3 em sua composição.
Já para o médico e diretor do Centro de Pesquisa de Prevenção da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, David Katz, que também conversou com o pessoal do Times, os benefícios do atum enlatado compensam os riscos potenciais de contaminação.
Katz argumentou ainda que todos os estudos que compararam a inclusão e a exclusão do alimento mostram que a melhoria à saúde está associada à inclusão do peixe na alimentação. “Esses contaminantes são lamentáveis – mas essa é a realidade em um mundo em que nós não tratamos tudo tão bem. A comida perfeitamente pura não existe mais neste planeta”, completou ele em sua explicação ao Times.
O Bisfenol A
A nutricionista Erin Coleman também relatou que o Bisfenol A é uma substância química que pode aparecer no atum sendo infiltrada através da lata até o peixe. Ela informou ainda que, segunda a FDA, o Bisfenol potencialmente afeta de maneira negativa o comportamento, o cérebro e glândulas da próstata em fetos, bebês e crianças pequenas.
Estudos já mostraram que comer alimentos enlatados aumenta os níveis de Bisfenol A, enquanto o consumo de comida frescas diminui essas taxas.
Por outro lado, Coleman também mencionou um estudo publicado no ano de 2014 no Journal of Exposure Science and Environmental Epidemiology, que identificou que apesar do consumo de refeições escolares, de refeições preparadas longe de casa e de refrigerantes aumentar o Bisfenol A na urina, a ingestão atum enlatado não registrou uma relação significativa com o crescimento dos níveis urinários da substância.
A questão do sódio
Ainda que seja possível encontrar versões de atum enlatado sem a adição de sódio, o fato de muitas variedades do produto serem ricas no mineral também indica que o atum em lata faz mal à saúde, alertou a nutricionista Erin Coleman.
De acordo com Coleman, é possível encontrar 354 mg de sódio em uma porção de 85 g do produto. Também podemos chegar a encontrar 558 mg do mineral em uma porção de 100 g do atum light enlatado sólido e escorrido em água.
Ainda que o sódio seja necessário para funções no corpo humano como o controle da pressão arterial e do volume do sangue e para o funcionamento adequado dos músculos, conforme informou o Centro Médico da Universidade de Maryland, a ingestão de uma quantidade elevada do nutriente não é nada boa para o organismo.
Adultos saudáveis não devem consumir mais do que 2,3 mil mg de sódio diariamente, indivíduos com pressão arterial alta não devem ingerir mais do que 1,5 mil mg do mineral e quem tem insuficiência cardíaca congestiva, cirrose do fígado e doença renal podem precisam consumir quantias muito menores do que essas.
Já conforme a nutricionista Erin Coleman, a Associação Americana do Coração recomenda que os adultos limitem a sua ingestão de sódio para 1,5 mil mg do nutriente por dia.
De acordo com a Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard, o excesso de sódio na alimentação pode causar problemas como retenção de líquidos, pressão e endurecimento dos vasos sanguíneos, pressão arterial alta, ataque cardíaco, acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência cardíaca.
Portanto, na hora de selecionar o seu atum enlatado, o ideal é que escolha um que apresente um baixo teor de sódio em sua composição.
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Recomendações quanto à ingestão de atum
De acordo com informações do The Spruce, diretrizes do ano de 2017 da FDA determinam que mulheres que estejam gestantes, em período de amamentação ou planejando engravidar, bebês e crianças pequenas evitem por completo sete tipos de peixe que são fontes abundantes de mercúrio: tubarão, espadarte, cavala-verdadeira, espadim (marlim), olho-de-vidro laranja, peixe-batata (tilefish do Golfo do México) e atum patudo.
Conforme salientou a página, o atum aparece na lista acima, entretanto, não são todos os tipos do peixe que fazem parte do grupo proibido pela FDA. Segundo o The Spruce, as mulheres e crianças do grupo de risco podem consumir até aproximadamente 340 g de atum por semana de peixes, mariscos e moluscos com baixo teor de mercúrio.
Isso inclui atum claro enlatado, camarão, salmão, escamudo e peixe-gato, completou o site, que também alertou que as pessoas do grupo de risco ainda devem em 170 g semanais a ingestão de atum branco enlatado, fresco ou congelado e de atum albacora.
Finalizando, concluiu-se que o atum é bom quando consumido de maneira moderada, mas não quando é ingerido excessivamente. Para quem gosta do peixe, insira-o em sua dieta saudável, porém, tomando cuidado para não exagerar, principalmente se fizer parte do grupo de risco mencionado.