Glifage Emagrece Mesmo?

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A fama dos poderes emagrecedores do Glifage é grande. Esse remédio é mais um dos medicamentos que, ainda que indicados para outros fins, aparecem frequentemente nas listas informais de remédios para emagrecer. Na verdade, o princípio ativo do Glifage (o cloridrato de metformina) é indicado como tratamento para o diabetes tipo 2, bem como para o tratamento auxiliar do diabetes 1 junto às doses de insulina.

Entretanto, os pacientes tratados com Glifage apresentam um emagrecimento atípico para casos de diabetes, o que projetou a fama de que o Glifage pode ser usado para esse fim. Mas o Glifage emagrece mesmo?

Como funciona o Glifage?

O cloridrato de metformina presente no Glifage trata a diabetes ao combater a hiperglicemia, isto é, o excesso de açúcar no sangue. Esse medicamento é especialmente indicado para diabetes tipo 2, no qual o problema não é a falta de insulina, mas sim a resistência das células à influência desse hormônio.

Nesse sentido, a ação do Glifage é tripla. Em primeiro lugar, o Glifage torna as células mais sensíveis a insulina, aumentando a eficiência desse hormônio e, portanto, estimulando o consumo da glicose pelas células. Além disso, o Glifage provoca uma diminuição dos níveis de glicose no sangue ao retardar a sua absorção no intestino, bem como a sua síntese no fígado.

Emagrecimento com Glifage

A diabetes tipo 2 é uma doença amplamente relacionada à obesidade. Isso ocorre pois o paciente sofre, em geral, com o excesso de insulina no sangue, uma vez que o corpo tenta reagir à resistência das células produzindo quantidades cada vez maiores desse hormônio. O problema é que um dos efeitos colaterais da insulina é o estímulo ao acúmulo de gordura, o que conduz muitos ao excesso de peso. Além disso, níveis altos de insulina são associados à fome intensa, de modo que o ganho de peso se dá também indiretamente.

Dessa forma, o Glifage emagrece ao romper esses dois mecanismos. Uma vez que o medicamento torna as células mais sensíveis à insulina, o corpo precisa produzir menos desse hormônio. As consequências são claras: menos acúmulo de gordura e menos fome, dois fatores extremamente benéficos para a perda de peso. A redução da fome foi comprovada por testes em pacientes com diabetes tipo 2 publicados em 1998 na Obesity Research.

Além disso, a perda de peso é amplamente beneficiada pela síntese e pela absorção lentas da glicose, uma vez que níveis excessivamente altos de glicose estimulam intensamente o ganho de peso.

Apesar dessa conexão lógica, ainda é necessário perguntar: Glifage emagrece mesmo?

Glifage Emagrece Mesmo?

Em primeiro lugar, é preciso ter em mente que o Glifage não é produzido com o objetivo de promover o emagrecimento. Além disso, também vale notar que o emagrecimento observado nos pacientes diabéticos não é muito intenso, o que levanta dúvidas sobre a real origem da perda de peso, uma vez que diabéticos seguem frequentemente dietas muito controladas.

Há entre os céticos a desconfiança de que o emagrecimento seja uma ilusão. Como os tratamentos para o diabetes frequentemente causam ganho de peso, pode ser que o Glifage deva sua fama a uma comparação com os demais tratamentos, sem de fato estimular a perda de peso.

Em todo caso, o fato é que não há evidências suficientes para acreditar que o Glifage emagrece mesmo em pessoas que não são diabéticas. Há, conforme demonstrado acima, conexões lógicas para esperar algum resultado, mas nenhuma garantia ou evidência.

Dessa forma, a alternativa mais racional é provocar os efeitos desejados através da dieta. Reduzir o consumo de açúcares e carboidratos, além de substituir os carboidratos simples pelos complexos, é uma excelente forma de evitar o excesso de glicose e, assim, diminuir os níveis de insulina e evitar que as células desenvolvam a prejudicial resistência.

Contraindicações e Efeitos Colaterais do Glifage

O Glifage é contraindicado em uma variedade de casos. Durante a gravidez e a lactação, as mulheres não devem usar esse medicamento, que também é contraindicado para pacientes com insuficiência renal ou com um quadro de desidratação, causado por exemplo por diarreias e vômitos.

Em caso de insuficiência cardíaca, de infecções e de febre, o Glifage também não deve ser administrado, fato que se aplica também aos casos de intoxicação alcoólica ou de alcoolismo crônico. Em virtude da insuficiência renal, recomenda-se especial cautela ao administrar o Glifage a pacientes idosos.

Os efeitos colaterais do Glifage são numerosos. Casos de náuseas, vômitos, diarreias e gases são muito comuns, seguidos pela dor de cabeça e por distúrbios do paladar. Bem mais raros são casos de hipoglicemia e de diminuição da absorção de vitamina B12, bem como de irritações na pele e de hepatite.

A acidose lática, fenômeno no qual os músculos apresentam fraqueza e mal funcionamento, também é um efeito colateral raro e bastante perigoso. Recomenda-se, além disso, extrema cautela quanto a interações com outros medicamentos. Para evitar esse perigo, o aconselhamento de um médico é indispensável.

Overdose de Glifage

Felizmente, o uso de Glifage é amplamente seguro quanto à dose. O seu princípio ativo, o cloridrato de metformina, se mostrou seguro em doses de até 85g, sem verificação de hipoglicemia. Nesses casos, há somente o perigo da acidose lática, que requer tratamento hospitalar emergencial.

Em todo caso, doses elevadas não são recomendadas, cabendo a um médico determinar a dosagem correta a ser rigorosamente obedecida.

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