Goma Xantana Faz Mal? Para Que Serve, O Que é e Como Usar

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O uso de aditivos alimentares pela indústria de alimentos em todo o mundo é uma prática comum e muito usada há décadas para ajudar no aumento do tempo de validade dos produtos industrializados. Diversas pesquisas são realizadas todos os anos para que novas substâncias possam ser usadas como espessantes, emulsificantes e conservantes nos alimentos disponíveis no mercado.

No entanto, muitas pessoas questionam se estas substâncias podem causar algum mal à saúde e quais os efeitos que elas podem ter no organismo.

Vamos conhecer o que é, para que serve, como usar e entender o motivo pelo qual alguns pesquisadores acreditam que a goma xantana faz mal à saúde.

O que são aditivos alimentares?

Os aditivos alimentares são substâncias amplamente usadas pela indústria de alimentos com a finalidade de manter a qualidade dos mesmos até que seja feito o seu consumo, auxiliando no aumento da duração da validade, reduzindo custos com ingredientes, promovendo mudanças no sabor, melhorando a aparência e garantindo melhor armazenamento e conservação dos mesmos.

Existem diversas classes de aditivos alimentares, entre eles os estabilizantes, os emulsificantes, reguladores de acidez, acidulantes, corantes, aromatizantes, edulcorantes, entre muitos outros.

Na década de 50, pesquisadores desenvolveram uma nova classe de substâncias: os polissacarídeos de origem microbiana, que até aquele momento somente eram extraídos de plantas terrestres e marinhas. Esta nova classe de substâncias, em condições controladas de fermentação, gerava um material de qualidade e fornecimento constante que não era influenciado pelo clima, promovendo a obtenção de polímeros hidrossolúveis com diferentes propriedades. A estas substâncias foi dado o nome de gomas industriais.

As gomas industriais são biopolímeros compostos por polissacarídeos de origem microbiana que têm a capacidade de formar géis e soluções viscosas em meio aquoso. Estas substâncias são interessantes do ponto de vista industrial, pois são amplamente utilizadas como espessantes, agentes de suspensão, gelificantes, entre outros.

Nas últimas décadas, os estudos em relação à identificação, caracterização e utilização destes polissacarídeos sintetizados por micro-organismos vêm aumentando em função das suas enormes aplicações.

O que é a goma xantana e para que serve?

A goma xantana foi descoberta na década de 50 no departamento de agricultura dos Estados Unidos, sendo liberada como aditivo alimentar em 1968. Ela é um polissacarídeo de elevado peso molecular produzido pelas bactérias do gênero Xanthomonas, que apresentam a capacidade de formar soluções viscosas e géis hidrossolúveis com propriedades únicas.

Esta substância é completamente solúvel em água fria ou quente, tem rápido poder de hidratação e facilita muito a retenção de água, produzindo soluções com viscosidades uniformes em muitos intervalos de temperatura, desde o congelamento até próximo ao ponto de ebulição da água.

Além disso, esta goma possui grande estabilidade em condições ácidas ou alcalinas e também possui grande resistência a enzimas. Esta estabilidade depende da concentração – quanto maior, maior será a estabilidade da solução.

Em função destas propriedades, a goma xantana é o biopolímero mais utilizado atualmente no mercado, pois pode alterar as características básicas da água com grande capacidade de emulsificação, gelificação, suspensão, estabilização e espessamento. Apesar do grande tamanho do mercado de goma xantana e das suas diferentes aplicações, poucos são os países que produzem esta substância.

A goma xantana utilizada no Brasil ainda é em sua maior parte importada, apesar do país possuir insumos básicos que são usados durante o processo, como a cana-de-açúcar e o etanol.

Esta goma tem diversas aplicações, sendo muito usada na produção de sorvetes, de cremes de queijo pasteurizados, sobremesas congeladas, bebidas, leites achocolatados, pudins, molhos, em muitos produtos para panificação e confeitaria, xaropes, coberturas e condimentos. Além disso tudo, é muito usada em produtos sem glúten, pois ajuda a manter as características finais dos alimentos na ausência desta proteína.

Com tantas aplicações, a goma xantana passou a ser a principal substância usada como emulsificante e estabilizante na indústria, aumentando os questionamentos entre profissionais da saúde e pesquisadores que avaliam se a goma xantana faz mal ao organismo se usada continuamente, pois está presente em muitos alimentos que são consumidos em grandes quantidades todos os dias por muitas pessoas ao redor do mundo.

A goma xantana faz mal à saúde?

Existem muitos estudos mostrando os benefícios da goma xantana para a saúde, mas também existem alguns que demonstram que esta substância pode trazer prejuízos com seu uso.

Um estudo realizado em 1987, com um grupo de voluntários do sexo masculino que fez o consumo de 10,4 ou 12,9 gramas de chiclete contendo a goma xantana todos os dias durante 3 semanas, mostrou que, embora houvesse causado uma alteração no tempo de digestão e também no peso e na textura das fezes, não houve nenhum efeito nocivo a outras questões de saúde.

Um relatório de 1990 do Journal of Occupational Medicine também mostrou que pessoas expostas a grandes quantidades de goma xantana em pó, como o caso dos trabalhadores de padarias, podem apresentar sintomas que incluem irritação no nariz e na garganta, diarreia, inchaço, flatulência, enxaquecas, irritação na pele, entre muitos outros.

Por outro lado, também existem estudos que mostram que a goma xantana pode auxiliar na redução da taxa de glicemia do sangue e das taxas de colesterol total, podendo ser usada por pacientes com diabetes. Esta goma também tem poder laxativo natural, servindo como um auxiliar na melhoria do trato intestinal, pois ajuda a estimular o sistema digestivo.

Além disso, outro estudo realizado em 2009 pela revista International Immunopharmacology mostrou que a goma xantana tem propriedades que ajudam a combater o câncer. Esta pesquisa mostrou que o consumo de goma xantana reduziu de forma significativa o crescimento do tumor e aumentou a sobrevivência de camundongos inoculados com células de melanoma.

Outros estudos mostram que a goma xantana foi utilizada para auxiliar pacientes com disfagia orofaríngea, uma condição em que pessoas têm dificuldade em esvaziar alimentos no esôfago devido a uma anormalidade no músculo e nos nervos, condição muito comum em pacientes que sofreram acidente vascular cerebral (AVC). Algumas pesquisas também mostram que ela pode melhorar o aspecto da pele e dos cabelos.

As únicas evidências encontradas nestes estudos estão relacionadas ao fato de que a goma xantana faz mal à saúde quando usada em grandes quantidades, atingindo somente, em princípio, o sistema digestivo que será estimulado. Desta forma, pesquisadores recomendam que exista uma limitação diária de 15 gramas por dia no consumo da goma xantana, garantindo o consumo seguro desta substância.

Vale também lembrar que pessoas com alguma condição de saúde devem sempre buscar a orientação de um médico antes de usar esta substância. Pessoas com diabetes devem consumir de forma moderada, pois, em conjunto com medicamentos para o controle da taxa de glicemia, pode haver uma redução acima do normal desta taxa com o uso da goma xantana.

Conclusão

A goma xantana foi descoberta na década de 50, sendo liberada como aditivo alimentar em 1968. A goma xantana é o biopolímero mais utilizado atualmente no mercado, devido à sua grande capacidade de emulsificação, gelificação, suspensão, estabilização e espessamento.

Com tantas aplicações, a goma xantana passou a ser a principal substância usada como emulsificante e estabilizante na indústria, aumentando os questionamentos entre profissionais da saúde e pesquisadores que avaliam se a goma xantana faz mal ao organismo com seu uso contínuo ou em grandes quantidades.

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