Hiperglicemia – O Que é, Quais São os Sintomas e O que Fazer
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Hiperglicemia é o termo médico utilizado para descrever um grande aumento dos níveis de açúcar no sangue. Associada a problemas com a insulina, a condição ocorre porque o corpo não consegue retirar a glicose da circulação e enviá-la para dentro das células.
Diabetes, estresse, determinadas doenças e uma refeição com excesso de carboidratos costumam ser as principais causas da hiperglicemia.
O que é hiperglicemia
Os carboidratos são a principal fonte de combustível para o corpo, que utiliza a energia obtida através dos alimentos para dar andamento a todos nossos processos metabólicos.
Funciona mais ou menos assim: você come um pedaço de pão, ele é digerido e “quebrado” em pequenas unidades menores, sendo uma delas a glicose. As moléculas de glicose são absorvidas no intestino e de lá são enviadas para a circulação sanguínea.
Para que “saiam” da circulação e entrem nas células onde serão utilizadas como fonte de energia, as moléculas de glicose dependem da atuação da insulina. Produzida pelo pâncreas, a insulina é um hormônio que tem como principal função facilitar a entrada da glicose nas células, regulando os níveis de açúcar no sangue.
Quando a insulina está presente em concentrações abaixo do necessário (como ocorre no diabetes tipo 1) ou então quando as células ficam resistentes à ação do hormônio (diabetes tipo 2), a glicose passa a se acumular na circulação. A esse quadro se dá o nome de hiperglicemia.
Hiperglicemia x Hipoglicemia
É muito comum haver uma confusão entre a hiperglicemia com outro quadro clínico bastante comum, a hipoglicemia. Embora ambas estejam relacionadas com as taxas de açúcar na corrente sanguínea, a hiperglicemia se refere ao excesso de glicose na circulação.
Já a hipoglicemia se caracteriza por níveis baixos de glicose no sangue, e pode ser causada por uma administração excessiva de insulina, falta de alimentação adequada ou mesmo um exagero na atividade física.
Valores de Glicemia
Em geral, uma glicemia normal deve estar entre 70 e 130 mg/dL em jejum, e no máximo 180 mg/ dL após as principais refeições.
Um resultado acima de 140 mg/dL duas horas após a refeição pode ser indicativo de hiperglicemia. Já uma taxa abaixo de 60 mg/dL pode ser sinal de hipoglicemia.
Causas da hiperglicemia
Embora esteja habitualmente associada ao diabetes, a hiperglicemia pode ser provocada por outros fatores, como a preocupação excessiva e a atuação de alguns medicamentos.
– Diabetes
A causa mais comum da hiperglicemia é o diabetes, doença que afeta mais de 10% da população mundial. Somente no Brasil 13 milhões de pessoas sofrem com as complicações associadas ao descontrole da glicemia do sangue.
O diabetes pode causar hiperglicemia tanto pela falta de insulina (como no caso do esquecimento ou a aplicação de uma quantidade menor que a necessária do hormônio) como pela dificuldade das células de “reconhecerem” o hormônio.
Quando isso ocorre, não há como as moléculas de glicose passarem pela membrana das células, e elas acabam se acumulando no sangue. De maneira extremamente simplificada, é como se a insulina fosse o manobrista que coloca o carro (a glicose) dentro da garagem (a célula).
Se o manobrista está ausente ou então é impedido por algum motivo de fazer o seu trabalho, os carros se acumulam do lado de fora, causando uma série de transtornos.
– Estresse
A ocorrência de hiperglicemia sem o diabetes é também conhecida como hiperglicemia induzida pelo estresse. Em algumas doenças (como complicações cardíacas) e situações de grande agitação e nervosismo (como em discussões e reuniões extremamente tensas), o corpo libera os chamados “hormônios do estresse”, cuja função é nos deixar em estado de alerta.
O mecanismo não faz muito sentido nos dias de hoje, mas é uma herança dos tempos em que nossos ancestrais passavam boa parte do dia fugindo de potenciais predadores. Ao perceber um perigo iminente, o cérebro envia um sinal para as glândulas adrenais (ou suprarrenais) a fim de aumentar os níveis de cortisol e adrenalina na circulação.
Como resposta aos hormônios, o coração passa a bombear mais sangue para os músculos, e mais glicose é liberada para a circulação (glicose essa que será utilizada como fonte de energia para a fuga).
Hoje continuamos liberando cortisol, adrenalina e glicose como resposta a situações de estresse, mas não precisamos mais sair correndo para escapar do leão. O resultado é que a glicose permanece inutilizada no sangue, causando hiperglicemia.
– Medicamentos
Alguns remédios, como os betabloqueadores (utilizados no tratamento de complicações cardíacas), esteroides, antidepressivos e os diuréticos podem causar uma elevação nos níveis de açúcar no sangue.
– Outros
A hiperglicemia também pode ser causada pelo excesso ou falta de atividade física, infecções (como a gripe), exagero à mesa (refeições repletas de carboidratos) e alterações hormonais.
Sintomas da Hiperglicemia
Ao contrário da hipoglicemia, que tem início súbito, a hiperglicemia começa a aparecer aos poucos- após dias ou semanas. Os sintomas da hiperglicemia costumam ser notados apenas quando os valores da glicemia ultrapassam 200 ml/dL.
Quanto mais tempo a glicose ficar acima do ideal na circulação, mais sérios serão os sintomas. A exceção pode ficar por conta de portadores de diabetes do tipo 2, que podem demorar ainda mais para apresentar os sintomas listados abaixo.
Confira quais são os sintomas da hiperglicemia em estágio inicial:
- Presença de açúcar na urina
- Urinar frequentemente (sobretudo à noite)
- Sede constante
- Visão embaçada
- Fadiga
- Dores de cabeça
Quando a hiperglicemia não é tratada, corpos cetônicos podem se acumular no sangue e na urina, provocando um quadro de cetoacidose, cujos sintomas incluem:
- Enjoo e vômitos
- Falta de ar
- Hálito adocicado
- Sonolência
- Tontura
- Cansaço
- Boca e pele secas
- Perda de peso
Portanto, se não for diagnosticada e tratada, a hiperglicemia pode evoluir para um quadro de coma, também conhecido como cetoacidose diabética.
O que fazer?
– Se você não é diabético:
Quem tem o medidor de glicose em casa pode fazer uma auto verificação levando em consideração os valores ideais de glicemia mencionados no início do artigo. Se você não tem como medir a glicemia mas apresenta aumento do apetite, micção frequente, boca seca e muita sede por mais de 24 horas, procure atendimento médico.
Antes da consulta junte o máximo possível de informação para poder orientar seu médico no momento do diagnóstico.
Tenha em mãos anotações sobre:
- seus hábitos alimentares (sobretudo no que diz respeito ao consumo de carboidratos);
- nome e horário da ingestão de medicamentos ou suplementos;
- possíveis situações de grande estresse;
- quantidade de água ingerida durante o dia;
- número de idas ao banheiro;
- sintomas específicos mencionados anteriormente.
– Para os diabéticos
Para as pessoas que já receberam o diagnóstico de diabetes o fundamental é medir a glicose do sangue pelo menos três vezes por dia. Faça o teste antes das principais refeições e logo antes de se deitar.
Caso seu nível de glicose esteja acima de 240 ml/dL, é imperativo que você teste sua urina para a presença de corpos cetônicos. Encontrando um valor acima do indicado interrompa os exercícios físicos e procure um médico, que poderá indicar alteração na medicação ou mudança nos hábitos alimentares.
Diagnóstico
O médico irá diagnosticar a hiperglicemia a partir do relato de sintomas e da leitura dos valores de glicemia sanguínea. Caso seja detectada o diabetes do tipo 1, o tratamento envolverá a auto aplicação de insulina.
Em caso de diagnóstico de diabetes do tipo 2 ou hiperglicemia induzida pelo estresse, o médico poderá inicialmente recomendar alterações no estilo de vida.
Caso estas medidas não surtam o efeito desejado, uma medicação complementar poderá ser utilizada para diminuir os valores de glicose no sangue.
Prevenção e Tratamento
Você foi diagnosticado com hiperglicemia, mas o que fazer?
Primeiramente, seguir as orientações médicas. Ao passar pela consulta o médico pode ter feito algumas sugestões quanto ao tratamento, que podem ou não incluir o uso de medicamentos.
Em geral, em situações esporádicas de hiperglicemia é possível reestabelecer os níveis de glicose com algumas pequenas alterações na rotina. Mas se você foi diagnosticado com diabetes e sofre com episódios frequentes de hiperglicemia, tomar remédio pode ser inevitável, ao menos no início do tratamento.
O que você pode fazer para prevenir ou tratar quadros recorrentes de hiperglicemia:
– Fazer atividade física
Os exercícios moderados são ótimos para diminuir as taxas de açúcar, pois o corpo precisa utilizar a glicose como fonte de energia para os músculos. Apenas não se esqueça de que na presença de cetonas na urina, os exercícios estão proibidos.
– Mude sua alimentação
Sendo você diabético ou não, fazer uma refeição com diversos tipos de carboidratos e baixo teor de proteínas e fibras é uma péssima ideia para a saúde.
As proteínas e fibras possuem tornam a digestão mais lenta e causam um impacto menor na glicemia. Já os carboidratos são rapidamente degradados em glicose, causando um aumento quase que instantâneo da glicemia no pós refeição (também conhecida como glicemia pós prandial).
Refrigerantes, bebidas alcoólicas e doces (ou açúcar em geral) devem ser evitados por quem sofre com hiperglicemia.
Ao invés de duas ou três refeições pesadas ao dia, prefira comer mais vezes e em porções menores.
Dê preferência para:
- carboidratos complexos, como arroz integral.
- verduras e legumes (cuidado com vegetais ricos em amido, como a batata e a mandioca).
- frutas de baixo índice glicêmico: morango, goiaba, pêssego, pera, nectarina.
- laticínios magros, como ricota, cottage, iogurte e leite desnatados.
- proteínas magras: peixes, peito de frango e carnes vermelhas com baixo teor de gordura.
– Não fuja da medicação
Tomar remédio não é agradável, mas deixar de seguir as orientações médicas e pular uma dose de medicação pode ser pior ainda.
Siga as determinações do seu plano de controle de diabetes, e caso continue a apresentar episódios frequentes de hiperglicemia, converse com seu médico sobre um possível ajuste no tipo ou horário de medicação.
– Abandone o cigarro
Além dos inúmeros problemas que o cigarro causa à saúde, o tabagismo ainda dificulta o controle da glicemia. Um estudo desenvolvido por pesquisadores da Harvard School of Public Health demonstrou que fumantes apresentam um risco significativamente maior para hiperglicemia do que não fumantes.
Em 2003 pesquisadores suecos quantificaram esse risco: fumantes têm uma probabilidade 50% maior de desenvolver hiperglicemia do que não fumantes.
– Monitore a glicemia
Mesmo seguindo todas as dicas acima é fundamental que você não se esqueça de testar sua glicose pelo menos três vezes ao dia, ou até mais vezes caso esteja com suspeita de hiperglicemia.
– Controle o Peso
Mantenha seu peso dentro da faixa de IMC indicada para a sua idade, e controle os níveis de triglicérides e colesterol. Até mesmo uma pequena diminuição de 5-10% no peso corporal já pode contribuir para uma diminuição dos níveis de glicose no sangue.
– Faça ajustes na dose de insulina
A linha que separa a hipo da hiperglicemia é bastante tênue, e encontrar o número ideal da glicose sanguínea pode não ser uma tarefa muito fácil. É importante que você faça ajustes nas doses de insulina caso comece a apresentar sintomas de hiperglicemia frequentemente.
Converse com seu médico sobre a frequência de aplicação e o melhor tipo de insulina para a sua condição, e faça anotações diárias das suas taxas de glicemia para poder encontrar a dose que funciona melhor para as suas necessidades.
– Afaste o estresse
Nem sempre é possível controlar os horários e os afazeres do dia a dia, mas se estressar ou não com a rotina e algumas situações desgastantes pode sim ser uma opção sua. Pare, respire fundo, faça uma visualização mental de situações positivas e deixe os pensamentos negativos de lado.
Caminhadas leves, exercícios de respiração e relaxamento, ioga, meditação e natação podem ajudá-lo a acalmar a mente e diminuir o estresse.
E aí, gostou das dicas?
Referências adicionais
- Inzucchi, Silvio E., et al. “Management of hyperglycemia in type 2 diabetes: a patient-centered approach position statement of the American Diabetes Association (ADA) and the European Association for the Study of Diabetes (EASD).” Diabetes care 35.6 (2012): 1364-1379. Site:Marik, Paul E., and Murugan Raghavan. “Stress-hyperglycemia, insulin and immunomodulation in sepsis.” Applied Physiology in Intensive Care Medicine 2. Springer Berlin Heidelberg, 2012. 153-161.Bornfeldt, Karin E., and Ira Tabas. “Insulin resistance, hyperglycemia, and atherosclerosis.” Cell metabolism 14.5 (2011): 575-585.Klein, Ronald. “Hyperglycemia and microvascular and macrovascular disease in diabetes.” Diabetes care 18.2 (1995): 258-268.Jung, Ji Young, et al. “Onion peel extracts ameliorate hyperglycemia and insulin resistance in high fat diet/streptozotocin-induced diabetic rats.” Nutr Metab (Lond) 8.1 (2011): 18.Jeong, Soo-Mi, et al. “Quercetin ameliorates hyperglycemia and dyslipidemia and improves antioxidant status in type 2 diabetic db/db mice.” Nutrition research and practice 6.3 (2012): 201-207.Osawa, Toshihiko, and Yoji Kato. “Protective role of antioxidative food factors in oxidative stress caused by hyperglycemia.” Annals of the New York Academy of Sciences 1043.1 (2005): 440-451.
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