Hipoglicemia – O Que é, Sintomas, Causas e o Que Fazer
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A glicose é um açúcar simples utilizado como principal fonte para obtenção de energia pelo organismo humano. Ela está presente nos alimentos que contém carboidratos na forma de glicose mesmo, de outros açúcares simples, como a frutose das frutas, ou complexos, como o amido da batata por exemplo.
Ao ingerir esses alimentos, começamos a fazer a digestão dos carboidratos já na boca através de uma enzima presente na saliva, chamada amilase salivar. Após engolir, essa digestão continua no estômago e intestino delgado através de outras enzimas. A ação das enzimas é quebrar os carboidratos até as suas unidades mais básicas, sendo a principal a glicose. A glicose então é absorvida para a corrente sanguínea onde irá ser distribuída para todo o corpo.
A concentração de glicose no sangue é chamada de glicemia e quando ela sobe chamamos de hiperglicemia, quadro comum nos casos de diabetes, e quando ela cai é chamada de hipoglicemia. A seguir, falaremos um pouco mais sobre o que é exatamente a hipoglicemia, quais são as suas causas, quais são os sintomas e outros sinais de que alguém está com hipoglicemia e o que fazer nesse momento.
O que é a Hipoglicemia?
Níveis normais de glicemia de jejum estão entre 70 e 110 mg de glicose por decilitro (que equivale a 100ml) de sangue. Níveis acima de 110 podem caracterizar um estado de diabetes, resistência à insulina, entre outros distúrbios, e um quadro abaixo de 70 (alguns especialistas assumem esse valor como 70 mg/dl) caracteriza a hipoglicemia. Outros casos ainda podem ser considerados hipoglicemia mesmo acima de 70 mg/dl, principalmente quando os níveis de açúcar estão muito altos e começam a decair muito rapidamente.
Portanto, a hipoglicemia nada mais é que a queda da concentração sanguínea a níveis abaixo dos considerados normais para o ser humano. Esse valor e as concentrações em que começam a se manifestar os sintomas podem variar de pessoa para pessoa, porém não demasiadamente em relação a esses valores padrão.
Quais são os Sintomas da Hipoglicemia?
Quando uma pessoa entra em estado de hipoglicemia, alguns sinais e sintomas se manifestam e variam de acordo com o grau.
– Hipoglicemia leve: pode causar dor de cabeça, fome, enjoos e ânsia de vômito, tremor, irritabilidade, ansiedade, nervosismo, taquicardia, sonolência, fraqueza, fadiga, calafrio e o famoso “suor frio”.
– Hipoglicemia moderada: com um quadro um pouco mais severo de hipoglicemia, a pessoa pode passar a se sentir confusa, insegura, com medo, nervosa, com alterações na visão, ter delírios, dormência nos lábios e língua e dificuldade de locomoção.
– Hipoglicemia grave: quando os níveis de açúcar estão gravemente baixos, pode ocorrer tontura, desmaio, até o coma e a morte.
O que causa a hipoglicemia?
Muitas causas podem levar ao quadro de hipoglicemia, a mais comum delas é um efeito colateral ao tratamento do diabetes, fazendo com que pacientes diabéticos frequentemente tenham que lidar com o risco de hipoglicemia e também precisem estar atentos não só com a alta concentração de açúcar no sangue, mas também caso a glicemia caia muito. Casos de hipoglicemia também podem ocorrer em exercícios físicos intensos, no consumo excessivo de álcool, como efeito adverso de alguns medicamentos, em doenças endócrinas e outras como hepatite, doença renal e alguns tipos de câncer.
Hipoglicemia no Diabetes
Os pacientes com diabetes utilizam muitos tipos de medicamentos para controlar a doença que é causada por problemas na síntese e utilização da insulina. A insulina é um hormônio chave no processo de absorção de glicose do sangue para as células produzido pelo pâncreas. Ela permite a entrada da glicose nas células, diminuindo os níveis de açúcar no sangue. Pacientes com diabetes tipo II ainda conseguem produzir algum nível de insulina e tomam medicamentos para estimular a secreção deste hormônio ou ainda melhorar a sensibilidade das células à insulina. Já pacientes com diabetes tipo I não conseguem produzir insulina e devem utilizar o próprio hormônio, disponível em várias versões na forma injetável. A hipoglicemia é mais comum em pacientes fazendo uso de insulina, pois um desbalanceamento entre a quantidade de insulina injetada e a quantidade de carboidratos ingerida pode levar a um excesso do hormônio e consequentemente à hipoglicemia.
Hipoglicemia e Exercício Físico
Durante o exercício, o organismo precisa utilizar as fontes energéticas disponíveis para conseguir o desempenho muscular exigida. A primeira e mais facilmente consumida é a glicose. A glicose utilizada pelos músculos pode vir do glicogênio muscular (a forma que o músculo estoca carboidratos nas suas fibras), da glicose sanguínea, que entra no músculo para ser consumida e do glicogênio hepático (o armazenamento de carboidratos do fígado).
Quando a atividade física é intensa, os estoques de glicogênio podem ser totalmente consumidos e a glicemia começar a cair. O fígado, nesse momento começa a produzir glicose a partir de outros compostos como aminoácidos e derivados do metabolismo de ácidos graxos (gordura). Os próprios ácidos graxos podem ser utilizados pelo músculo no lugar da glicose (é aí que ocorre a queima das gordurinhas indesejadas através da prática de exercícios).
Porém, se o exercício é muito intenso, prolongado ou se a pessoa não está adaptada, ou seja, não tem o condicionamento físico ideal para o nível de atividade que está fazendo, a geração de glicose e utilização de energia de outras fontes podem não ocorrer em velocidade suficiente para manter a glicemia em níveis adequados. O músculo consome muita glicose e a glicemia cai, levando ao quadro de hipoglicemia.
Hipoglicemia e Álcool
O álcool interfere com a atividade de várias enzimas hepáticas, incluindo as envolvidas no metabolismo dos carboidratos. O fígado é a central metabólica do nosso organismo e ajuda a controlar os níveis de açúcar liberando no sangue glicose proveniente dos estoques de glicogênio hepático ao longo do dia. Uma vez que o álcool pode reduzir ou impedir essa ação do fígado, eleva-se o risco de hipoglicemia, especialmente com o consumo excessivo de álcool. Esse efeito é prolongado, uma vez que leva certo tempo para o álcool ser metabolizado e eliminado do organismo e para o fígado se recuperar dos seus efeitos.
Outras causas de hipoglicemia
A hipoglicemia pode ainda ter outras causas que devem ser sempre investigadas pelo médico.
Pode, por exemplo, ocorrer em pacientes que se submeteram a cirurgias bariátricas, por terem a absorção de nutrientes bastante reduzida. Em portadores de distúrbios endócrinos, afetando os níveis de hormônios que participam do metabolismo de carboidratos como cortisol, glucagon, hormônio do crescimento e adrenalina.
Portadores de tumores capazes de produzir insulina ou um hormônio similar chamado IGF-II também estão propensos a quadros hipoglicêmicos. Quadros de doenças crônicas cardíacas, renais e hepáticas, além de consumo de determinados medicamentos como quinina (tratamento de malária), alguns antibióticos e salicilatos, podem também causar quadros de hipoglicemia.
Hipoglicemia Não Percebida
Algumas pessoas podem ter hipoglicemia e nem perceberem que entraram nesse estado, pois o organismo não dá os sinais característicos. Isso frequentemente acontece com pacientes que:
- Possuem diabetes há muitos anos (mais de 5 anos);
- Mantém um controle rígido da glicemia através do uso de insulina;
- Apresentam hipoglicemia frequentemente, até que os sintomas param de se manifestar;
- Estão muito cansadas;
- Consumiram muita bebida alcoólica;
- Fazem uso de determinados medicamentos para pressão e diabetes.
O risco nesses casos é que quando o paciente percebe que está com hipoglicemia já pode ser através de sintomas mais severos.
O que fazer?
Os quadros de hipoglicemia podem ser prevenidos de algumas formas, conforme falaremos adiante. Mas de forma geral, é ideal que você mantenha um acompanhamento médico adequado, fazendo exames preventivos para detectar qualquer alteração o quanto antes. Manter uma dieta saudável é outro ponto muito importante.
Porém, para os casos em que a hipoglicemia já está instalada, algumas medidas podem ajudar na recuperação.
- Ingerir açúcar: se você faz tratamento para diabetes ou sofre frequentemente com a queda da glicemia, deve sempre ter por perto sachês de açúcar ou petiscos ricos em carboidratos como mel, frutas, bebidas que contém açúcar, etc. Caso a glicemia caia muito é só comer aproximadamente 15g de carboidratos de cada vez até que consiga estabilizar. O glicosimetro é importante para monitorar os valores.
- Injeção de glucagon: o glucagon é um hormônio que atua aumentando os níveis de glicose no sangue, assim recomenda-se que pessoas diabéticas tenham sempre em casa uma injeção dessas para o caso de desmaio, quando não se deve tentar fazer a pessoa ingerir alimentos por estar inconsciente e ter grande risco de asfixia.
- Chamar a emergência: quando não conseguir fazer a glicemia voltar ao normal ou ocorrer desmaio, a providência imediata é chamar o atendimento de emergência para que a pessoa possa receber o tratamento adequado em um serviço de saúde.
Evitando a Hipoglicemia no Diabetes
Para os portadores de diabetes, a melhor forma de evitar a hipoglicemia é checando frequentemente a glicemia com um glicosimetro, e ajustando a dose de insulina, horários e quantidade de carboidratos ingerida. A dieta é fundamental.
Converse com seu médico e entenda como deve organizar seu dia-a-dia para evitar picos de insulina e manter a glicemia em níveis saudáveis.
Métodos interessantes para conseguir manter os níveis de açúcar no sangue equilibrados são, por exemplo, uma dieta que determina a quantidade de insulina injetada de acordo com a quantidade de carboidratos ingerida, chamada contagem de carboidratos, evitando assim, tanto a hipo quanto a hiperglicemia. Existem também bombas de infusão de insulina, que administram doses adequadas de insulina nos horário certos, facilitando a vida do paciente e otimizando o tratamento. Além disso, também é possível fazer alterações do tipo de insulina utilizada em determinados horários, para se ajustar à suas necessidades individuais; algumas têm liberação mais rápida, outras mais lenta.
Evitando a Hipoglicemia no Exercício
Para não apresentar quadros de hipoglicemia durante ou após o exercício alguns cuidados devem ser tomados como sempre fazer uma refeição leve, mas nutritiva antes e após a atividade física. Mesmo depois de algumas horas, se a atividade foi bastante intensa, seu metabolismo continua acelerado e tentando repor os estoques de glicogênio, por isso não só a primeira refeição como as outras depois da seção de treino devem ser adequadas para evitar quedas de glicose.
Antes do treino preferencialmente deve-se consumir carboidratos de baixo índice glicêmico, que ajudarão a manter a disponibilidade de glicose no sangue por mais tempo. Após o treinamento, o mais indicado é um carboidrato de alto índice glicêmico, para ajudar a repor rapidamente a glicose depletada. O nutricionista ou médico poderão dar informações mais adequadas a cada caso.
Para os diabéticos, as refeições antes e após a prática de atividades físicas são ainda mais críticas, por isso o acompanhamento de um nutricionista é fundamental.
Não se deve fazer seções extenuantes e excessivamente prolongadas de exercícios. Exceto atletas de alta performance como maratonistas por exemplo, que têm um grande cuidado com a alimentação e estratégias de treinamento adequadas, você não deve tentar correr ou treinar por horas, isso poderá te causar problemas e não trará nenhum benefício para o seu resultado. Faça um plano de treino inteligente, com seções de no máximo até 1,5 h ou 2 h.
Também não é aconselhável consumir álcool próximo das seções de treinamento.
Evitando a Hipoglicemia pelo Consumo de Álcool
Para pacientes diabéticos a ingestão de álcool deve ser evitada, pois seu risco de hipoglicemia é elevado. Para pessoas não diabéticas o ideal é consumir bebidas alcoólicas moderadamente e sempre ingerir bastante água e se alimentar adequadamente ao ingerir álcool.