Perda de Proteína na Urina – O Que Significa
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As proteínas, em conjunto com os carboidratos e a gordura, são a matéria-prima principal para o nosso organismo. A quantidade adequada de proteína na nossa dieta é importante para manter nossas funções vitais.
A proteína está presente no sangue que é filtrado pelos nossos rins, que são os responsáveis em selecionar o que o corpo irá usar como fonte de energia e o que deve ser descartado.
É normal que quantidades pequenas de proteínas menores sejam descartadas através da urina. Porém, quando a perda de proteína na urina se torna maior que o considerado normal, é sinal de algum problema.
Esta condição, conhecida como proteinúria, nada mais é que o excesso de proteína encontrada numa amostra de urina. Baixos níveis de proteína na urina são considerados normais. Os níveis temporariamente elevados de proteína na urina também não são motivo de alarde, particularmente em pessoas mais jovens que praticam exercícios físicos ou indivíduos que estão doentes.
Porém, se a perda de proteína na urina está além dos níveis considerados normais e não se enquadra em nenhum caso citado anteriormente, é preciso investigar a origem do problema e prosseguir com o tratamento adequado.
Vamos tratas das causas, sintomas e tratamento da proteinúria e entender um pouco mais sobre essa condição e o que significa.
Proteínas
Os principais grupos de proteínas séricas presentes no sangue são a albumina e a globulina. A albumina é a mais abundante no sangue, representando mais de 50% de todas as proteínas séricas. As funções dessa proteína são puxar a água para os capilares e manter a quantidade certa de água no sistema circulatório, além de ligar e transportar substâncias que são pouco solúveis em água como algumas vitaminas, cálcio e alguns tipos de medicamentos.
Já as globulinas são divididas em globulinas alfa, beta e gama. As globulinas alfa e beta também atuam no transporte de substâncias, enquanto que as globulinas gama são conhecidas como imunoglobulinas ou anticorpos. Um teste para detectar proteínas na urina pode detectar todos os tipos de proteínas ou apenas a albumina, que é a mais abundante.
É considerado normal que uma pessoa apresente até 150 mg de proteínas na urina. Apresentar mais de 150 mg já é chamado de proteinúria.
Causas da perda de proteína na urina
A proteína em excesso na urina é muitas vezes um sinal de problemas renais ou um indício de superprodução de proteínas pelo corpo, pois rins saudáveis só permitem a passagem de uma pequena quantidade de proteínas através de seus filtros.
Além das diversas causas, existem alguns tipos de proteinúria explicados a seguir.
– Proteinúria transitória ou intermitente
Trata-se de uma excreção temporária de proteína, que pode ser causada por certos esforços como prática de exercícios pesados, febre alta, exposição ao frio, estresse e outras condições. Mulheres grávidas também podem liberar mais proteínas na urina do que o normal. Nestes casos, a condição não está relacionada a nenhuma doença renal e não requer nenhum tratamento, já que os níveis de proteína na urina devem ser normalizados naturalmente.
– Proteinúria ortostática
Esta condição indica que uma quantidade maior de proteínas é liberada quando a pessoa está de pé. Isso geralmente é observado em adolescentes altos e magros e jovens adultos com até 30 anos de idade. A causa da proteinúria ortostática não é conhecida mas os médicos afirmam que ela não é prejudicial, não requer tratamento e, normalmente, desaparece com a idade.
Ela é diagnosticada através da coleta de urina quando a pessoa está de pé ou sentada e outra coleta quando o indivíduo acaba de acordar, por exemplo.
– Proteinúria de transbordamento
A proteinúria também pode ser causada por doenças que não envolvem os rins como o mieloma mútliplo ou câncer das células plasmáticas na medula óssea. Neste caso, o sangue é inundado com proteínas que são filtradas na própria urina
– Proteinúria persistente ou causada por doença renal
Há doenças renais como a glomerulonefrite, glomeruloesclerose segmentar focal primária ou outros tipos de danos nos rins como devido a alguma doença sistêmica que causam proteinúria. A presença de microalbuminas na urina, por exemplo, pode indicar que uma pessoas está com diabetes ou hipertensão ou ainda que está nos estágios iniciais de uma doença renal.
Um processo inflamatório, como uma infecção no trato urinário, pode aumentar o que se chama de proteína inespecífica. Porém, esse caso não é tão preocupante como um dano nos rins.
Proteinúria causada por doença renal
Como já mencionado, os níveis persistentes de proteína na urina podem ser um sinal de doença renal. Basicamente, os rins saudáveis não permitem que uma quantidade significativa de proteína passe pelos seus filtros e seja perdida pela urina. Já rins danificados podem permitir que proteínas como a albumina, por exemplo, escapem do sangue para a urina pelo mau funcionamento dos seus filtros, e com isso percebe-se a perda de proteína na urina.
Doenças renais geralmente não apresentam sintomas iniciais e um dos primeiros indicativos da doença pode ser justamente a proteinúria, que é identificada através de um teste de urina de rotina. Após a detecção de quantidades anormais de proteína na urina, o ideal é realizar um exame de sangue para analisar o funcionamento dos rins.
Como já foi citado, os rins filtram os produtos de resíduos do seu sangue enquanto retêm as substâncias que o organismo precisa, incluindo as proteínas. No entanto, algumas doenças e condições permitem que as proteínas passem através desses filtros, causando a perda de proteína na urina.
Existem outras condições, além de danos nos rins, que podem causar um aumento temporário nos níveis de proteína na urina, que incluem:
- Desidratação;
- Estresse emocional;
- Exposição ao frio extremo;
- Febre;
- Exercício extenuante.
Há também doenças e condições que podem causar níveis persistentemente elevados de proteína na urina, são elas:
- Amiloidose (acumulação de proteínas anormais em seus órgãos);
- Certas drogas, como drogas anti-inflamatórias não esteróides;
- Doença renal crônica;
- Diabetes;
- Infecção do revestimento interno do coração;
- Glomerulosclerose segmentar focal;
- Glomerulonefrite (inflamação nas células do rim que filtram o desperdício do sangue);
- Doença cardíaca;
- Insuficiência cardíaca;
- Pressão arterial elevada;
- Linfoma ou doença de Hodgkin;
- Nefropatia IgA ou doença de Berger (inflamação renal resultante de um acúmulo do anticorpo imunoglobulina A);
- Infecção renal;
- Lúpus;
- Malária;
- Mieloma múltiplo;
- Síndrome nefrótica;
- Proteinúria ortostática;
- Pré-eclâmpsia;
- Gravidez;
- Artrite reumatóide;
- Sarcoidose (desenvolvimento e crescimento de aglomerados de células inflamatórias em seus órgãos);
- Anemia falciforme.
Fatores de Risco
Os dois fatores de risco mais comuns para a perda de proteína na utina são a diabetes e a hipertensão, já que ambas podem causar danos aos rins, o que provoca a proteinúria.
Outros tipos de doença renal ou condições não relacionadas com a diabetes ou a hipertensão arterial também podem causar a perda de proteína na urina, como por exemplo:
- Uso de alguns medicamentos;
- Trauma;
- Toxinas;
- Infecções;
- Distúrbios do sistema imunitário.
O aumento da produção de proteínas pelo próprio organismo também pode levar à proteinúria. Os exemplos incluem mieloma múltiplo e amiloidose, já citados anteriormente. Outros fatores de risco incluem:
- Obesidade;
- Idade acima de 65 anos;
- Tabagismo;
- Histórico familiar de doença renal;
- Pre-êclampsia (hipertensão arterial e proteinúria na gravidez);
- Raça e etnia: afro-americanos, nativos americanos, hispânicos e insulares do Pacífico são mais propensos do que os brancos a terem pressão alta e desenvolver doenças renais e proteinúria.
As pessoas que estão em maior risco de doença renal devem sempre realizar os exames de rotina por um profissional da saúde.
Sintomas
Geralmente, não há sintomas da perda de proteína pela urina. Apenas quando a perda é muito elevada, é possível observar uma aparência espumosa na urina.
Entretanto, algumas pessoas apresentam edema ou inchaço no rosto, pernas ou abdômen ao perder grandes quantidades de proteína na urina. Além disso, há alguns relatos de:
- Falta de ar;
- Urina frequente;
- Fadiga;
- Problemas para dormir;
- Náusea e vômitos;
- Pele seca com coceira;
- Diminuição de apetite;
- Ganho de peso devido à retenção de líquidos.
Diagnóstico
O primeiro passo é realizar os exames de urina de rotina para identificar possíveis níveis anormais de proteína na urina. Após esse primeiro diagnóstico, o médico pode solicitar outros testes de urina para confirmá-lo e até outros exames se desconfiar de outras doenças.
O teste de urina deve ser repetido após alguns dias em que o médico pedirá para você beber bastante água, pois pode ser que você não apresente doença nenhuma e apenas não esteja se hidratando da maneira adequada.
Sendo descartada a desidratação, ele investigará outras possíveis causas através de exames de sangue, exames de imagem como ultrassonografia ou tomografia computadorizada para verificar o estado dos seus rins e do trato urinário.
Estes exames de imagem permitem avaliar a presença de obstruções, pedras ou tumores nos rins. Pode ser solicitada também uma biópsia de rim para avaliar melhor os danos nos rins através da remoção de um pequeno pedaço de tecido renal para examinar sob microscópio.
Tratamento
Como a perda de proteína na urina é um sintoma e não uma doença em si, os cuidados médicos se concentram no tratamento da condição subjacente, como a normalização da pressão arterial em pessoas com hipertensão ou o controle de níveis de açúcar no sangue em pessoas com diabetes, por exemplo.
Quando for identificado que a causa da proteinúria é devido a uma doença renal, o médico deve indicar um tratamento adequado para os rins, pois a ausência de tratamento pode levar à insuficiência renal. Pessoas com síndrome nefrótica e sobrecarga de fluido, por exemplo, devem restringir o sal em sua dieta. O nefrologista, especialista em doenças renais, também pode recomendar uma restrição leve na ingestão de proteínas.
Na proteinúria leve ou temporária, nenhum tratamento precisar ser adotado pois os níveis de proteína na urina tendem a normalizar sem interferência médica.
Medicamentos são prescritos principalmente se a proteinúria está associada com a diabetes ou a pressão alta. Alguns medicamentos, como os inibidores da ECA, são medicamentos utilizados principalmente para o tratamento da hipertensão, mas também são muito eficazes na redução da proteinúria, independentemente de o paciente apresentar pressão arterial alta ou não.
Além dos inibidores da ECA que inibem a enzima conversora de angiotensina, bloqueadores dos receptores de angiotensina podem ser usados como um tratamento.
O tratamento adequado, especialmente em pacientes com doenças crônicas como diabetes e/ou hipertensão é essencial para prevenir o dano renal progressivo que está causando a proteinúria.
Seu tratamento pode incluir, portanto: medicamentos no caso de doenças renais, mudanças na dieta e alterações no estilo de vida, como por exemplo perda de peso, prática de exercícios físicos e evitar o tabagismo.
Quando procurar um médico
Se um teste de urina revelar proteína na urina além do normal, pergunte ao seu médico se você precisa de mais testes para verificar a causa do problema. Como a proteína na urina pode ser temporária, seu médico pode recomendar uma primeira repetição do teste nas manhã seguintes ou poucos dias depois para ver se há motivo de preocupação.
Se você já tem diabetes, seu médico pode procurar por pequenas quantidades de proteína na urina, conhecida como microalbuminúria uma ou duas vezes por ano para verificar se a diabetes está causando problemas renais.
É importante monitorar a quantidade de proteína na urina, pois isso é um indicativo de diversas doenças inclusive de doenças cardiovasculares. Pessoas com histórico de pressão alta, colesterol, tabagismo e obesidade devem estar mais atentas a esses exames de rotina.
Referências adicionais:
- http://www.webmd.com/a-to-z-guides/proteinuria-protein-in-urine
- http://www.mayoclinic.org/symptoms/protein-in-urine/basics/causes/sym-20050656
- http://www.nhs.uk/Livewell/Kidneyhealth/Documents/protein%20in%20urine.pdf
- https://www.kidneyresearchuk.org/health-information/proteinuria
- http://www.webmd.boots.com/a-to-z-guides/protein-in-urine-proteinuria
- https://www.kidney.org/atoz/content/proteinuriawyska