Pimenta Faz Mal Para o Fígado?
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Engana-se quem acredita que as pimentas servem somente para o preparo de molhos e temperos que deixam os pratos culinários com um gostinho mais picante. As pimentas também podem apresentar ação antioxidante e anti-inflamatória e estão associadas a alguns benefícios para a nossa saúde.
- Veja mais: Benefícios da pimenta para a saúde e boa forma.
Por exemplo, segundo médico e professor da Escola de Medicina Monte Sinai nos Estados Unidos, Neil Schachter, a pimenta é um descongestionante natural que pode ajudar a desobstruir as vias nasais. A capsaicina encontrada nas pimentas também contribui com o controle do colesterol.
A pimenta faz mal para o fígado?
Mas será que não existem riscos atrelados à ingestão do alimento? Como saber se a pimenta faz mal para o fígado ou não?
Pimenta caiena
Vamos começar tomando como exemplo a pimenta caiena. Ela é composta pela capsaicina, que é responsável por seu gosto apimentado e pelas propriedades medicinais atribuídas a ela.
Em uma pesquisa publicada em uma edição do ano de 2008 do The American Journal of Gastroenterology (O Jornal Americano de Gastroenterologia) os pesquisadores induziram uma lesão no fígado de ratos.
Um dia depois dessa indução, eles foram injetados com a capsaicina. No dia seguinte, eles foram submetidos a testes que detectaram que, de maneira geral, a capsaicina trouxe um efeito benéfico em relação à função hepática dos animais.
Obviamente, para comprovar que o mesmo efeito acontece com os humanos, é necessária a realização de novos estudos. No entanto, geralmente a ingestão da pimenta caiena costuma gerar um efeito positivo no que se refere aos testes de função hepática.
Por outro lado, alguns médicos fazem um alerta para que a ingestão da pimenta caiena seja moderada e que exageros não sejam cometidos, sob o risco de causar danos ao fígado.
Pimenta malagueta
Além da pimenta caiena, a pimenta malagueta é um outro exemplo de pimenta em que a capsaicina está presente. E foi justamente pelo fato da substância ser o composto ativo da ingrediente que algumas publicações noticiaram que a pimenta malagueta traz a promessa de prevenir o dano hepático, assim como combater a sua progressão.
Em uma publicação do ano de 2015, foi mostrado um estudo apresentado no Internacional Liver Congress (Congresso Internacional do Fígado, tradução livre) em que os pesquisadores administraram a capsaicina em dois grupos de ratos.
Em um grupo, os animais sofreram por três dias com uma obstrução no canal biliar, o que resulta na acumulação da bile e na fibrose hepática, que é a formação de tecidos de cicatrização como resposta aos danos hepáticos.
Nesses ratos, o uso da capsaicina melhorou parcialmente os danos do fígado e inibiu a progressão da lesão.
O segundo grupo era composto por ratos que receberam a capsaicina em sua comida antes e depois de passarem por um tratamento com o tetracloreto de carbono, também denominado CCl4. A substância é um composto orgânico que é conhecido como uma das toxinas que atuam no fígado (hepatotoxinas) mais potentes.
Em relação a esses animais, foi observado que a capsaicina preveniu o desenvolvimento de lesão no fígado, no entanto, não diminui a fibrose que já havia sido estabelecida.
Pimenta-do-reino
A pimenta-do-reino – que também é conhecida pelo nome de pimenta preta – não faz exatamente mal para o fígado. Entretanto, o ingrediente pode interferir em uma função do órgão e causar efeitos indesejados ao organismo.
Esse tipo de pimenta faz mal para o fígado somente na possibilidade de ter interações potencialmente perigosas ao ser consumida de maneira simultânea a alguns medicamentos.
O que acontece é que a pimenta preta afeta a atuação do fígado na quebra de alguns medicamentos. Um possível resultado desse efeito é a elevação das chances de ocorrência dos efeitos colaterais do remédio em questão.
Portanto, se você recebeu a indicação de usar algum medicamento por parte do seu médico, converse com o profissional e certifique-se de que não existem riscos de interação entre o remédio e a pimenta-do-reino.
Pimenta dedo-de-moça
A pimenta dedo-de-moça é outra que possui a capsaicina em sua composição. Uma pesquisa brasileira, realizada pelas então alunas de doutorado Shanna Bittencourt e Cristina Bragança, no Laboratório de Biofísica Celular e Inflamação da Faculdade de Biociências da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) também mostrou o efeito que ela pode trazer em relação ao fígado.
O estudo avaliou a ação da capsaicina, retirada da pimenta dedo-de-moça, e da catequina, extraída do cacau, em células ativadas para gerar a fibrose. O orientador das duas, o professor Jarbas de Oliveira, explicou que quando as células do fígado são lesionadas, ocorre uma inflamação.
A partir desse quadro de inflamação, ocorre uma ativação das chamadas células estreladas, que criam fibras, originando assim a fibrose ou a cirrose. Oliveira explicou que os estudos clínicos indicaram que a capsaicina e a catequina desativam a inflamação e o crescimento das fibras, trazendo uma melhora ao quadro.
Em especial, no caso da pimenta, o experimento demonstrou que houve uma diminuição em 50% da formação de fibras. O professor disse que o próximo passo do experimento é realizar uma pesquisa com animais.
O trabalho foi publicado no periódico canadense Cell Biochemistry and Biophysics (Bioquímica e Biofísica Celular).
Então, a pimenta faz mal para o fígado ou não?
Embora alguns médicos tenham se posicionado cautelosos com relação ao consumo exagerado de pimenta, o que se percebe é que os estudos científicos apoiam a ideia de que a pimenta faz bem ao fígado e não há necessidade para preocupação.
Se você estiver fazendo uso de algum medicamento que sobrecarrega o fígado, você pode querer conversar com seu médico sobre essa questão específica.
O fígado
Agora que já entendemos se a pimenta faz mal para o fígado ou não, vamos conhecer mais sobre esse órgão, assim como a sua importância para o ser humano. Trata-se um órgão vital no corpo humano e classificado como o maior órgão glandular do organismo.
Em média, o peso do fígado de um indivíduo adulto é de aproximadamente 1,4 kg e ele está localizado no canto superior direito da cavidade abdominal, abaixo do diafragma e à direita do estômago.
Uma de suas funções é a produção da bile, uma substância requerida para a digestão de gorduras. Além disso, o órgão também atua na desintoxicação do sangue, removendo compostos prejudiciais como álcool e drogas, no armazenamento do ferro, da glicose e de algumas vitaminas e na conversão da amônia em ureia, algo fundamental para o metabolismo.
Mas não é somente isso: ele também trabalha na conversão de açúcar armazenado para açúcar funcional nos momentos em que os níveis de glicose no sangue estão abaixo do normal. Além disso, o fígado age na quebra da hemoglobina e da insulina, entre outros hormônios.