Probióticos – O Que São, Benefícios e Dicas

Categorias: Suplementos / Vitaminas e Minerais

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Quando ouvimos falar em bactérias e micro-organismos, pensamos logo em doenças e coisas ruins, porém, algumas espécies desses seres microscópicos podem também fazer muito bem à saúde.

Os probióticos são exemplo disso, sendo inclusive utilizados como alegação de benefícios de alguns alimentos funcionais, principalmente iogurtes.

Nesse artigo entenderemos o que são os probióticos, quais os seus benefícios e algumas dicas a respeito do assunto.

O que são probióticos?

Probióticos são bactérias e leveduras (tipo de fungo unicelular) que, quando ingeridas vivas, trazem benefícios ao organismo humano. Ao contrário de espécies de micro-organismos que são danosos e causam doenças, os probióticos ajudam o corpo humano a desempenhar suas funções vitais. Podem ajudar a prevenir ou a tratar uma série de doenças, melhorando a saúde do sistema digestivo e do sistema imunológico.

No intestino humano por exemplo, existe uma quantidade cerca de dez vezes maior de micro-organismos que o número total de células no corpo. Estão presentes também em grande número na pele e mucosas. Mas são tão pequenos que representam apenas de 1 a 3% do peso corporal.

Eles desempenham um papel fundamental para a manutenção da saúde e função intestinal, auxiliando na digestão e absorção dos nutrientes presentes nos alimentos ingeridos e na produção de vitaminas por exemplo. Podem ser considerados, portanto, probióticos.

Alguns fatores como tipo de dieta, genética, idade, estilo de vida, uso de medicamentos, estresse, entre outros, podem influenciar na composição natural de bactérias e fungos do corpo, e um desequilíbrio dessa flora pode levar ao desenvolvimento de doenças e abrir espaço para a multiplicação de micro-organismos “maus”, patogênicos e perigosos.

O papel desempenhado pelos probióticos pode ser entendido também analisando o significado da palavra, que se origina do grego, “pro” que significa promover, ser a favor; e biótico, que significa vida, ou seja, aquilo que é a favor da vida.

Assim, apesar se estarem naturalmente presentes no nosso corpo, micro-organismos probióticos passaram a ser estudados e empregados em uma série de produtos além de poderem ser ingeridos na forma de suplementos alimentares. Podem portanto, trazer ainda mais benefícios à saúde.

Descobertos no início do século 20, os probióticos passaram a ser desde então bastante estudados e novas espécies e benefícios foram sendo encontrados.

Classificação dos produtos contendo micro-organismos

Em 2013, a Associação Científica Internacional para Probióticos e Prebióticos, definiu o conceito de probióticos como “micro-organismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem um benefício à saúde de quem ingere”. Além disso, definiu também critérios de classificação, que identificam um probiótico e o diferenciam de um produto contendo micro-organismos não necessariamente probióticos.

Assim, produtos com culturas vivas ou ativas são quaisquer que possuam um micro-organismo que promova a fermentação; que contenham um mínimo de 109 UFC (unidades formadoras de colônia, o método utilizado para quantificar as bactérias presentes) e que não precisam de pesquisas para comprovar a classificação.

Já os probióticos sem apelo de algum benefício específico à saúde devem conter uma espécie comprovadamente segura e benéfica aos seres humanos. Além disso devem provar que os níveis do micro-organismo viáveis presentes no produto foram investigados em estudos em humanos.

Uma terceira classificação é a dos probióticos que utilizam algum apelo específico de benefício à saúde. Eles devem definir qual a linhagem do micro-organismo presente, provar que as bactérias se mantém viáveis no produto, em quantidades adequadas, durante todo seu período de validade, além de comprovar cientificamente a eficácia para os benefícios alegados.

Cada país, claro, possui sua legislação específica, mas as diretrizes definidas pela Associação são utilizadas como um guia.

Tipos de Probióticos

Apenas algumas espécies de bactérias podem ser utilizadas como probióticos e têm segurança e benefícios comprovados. A evolução da tecnologia e dos métodos de pesquisa proporcionou a descoberta de várias espécies ainda não conhecidas. Elas pertencem, principalmente, aos seguintes grupos:

– Lactobacilos: São os mais comuns, principalmente encontrados em iogurtes e outros produtos fermentados. Abrangem mais de 50 espécies. Podem auxiliar no controle de doenças gastrointestinais, como diarreia, melhorar a digestão e absorção de nutrientes, intolerância à lactose, doenças vaginais provocadas por bactérias, infecções respiratórias, do trato geniturinário e da pele, como eczemas, acne, etc.

– Bifidobactérias: Abrangem cerca de 30 espécies. Podem ser benéficas para pacientes com uma doença chamada Síndrome do Cólon Irritável, melhorando sintomas como dor, desconforto, inchaço, etc.Também são encontradas em alguns laticínios. São consideradas os melhores indicadores de uma boa saúde intestinal.

– Leveduras: Ao contrário dos outros grupos que são bactérias, as leveduras são fungos unicelulares e a única espécie que atua como probiótico é a Saccharomyces boulardii. Seus benefícios estão relacionados desde a melhora da acne, até a redução de efeitos colaterais no tratamento de H. pylori que causa gastrite, e de diarreias associadas ao uso de antibióticos ou adquiridas em viagens.

– Estreptococos: A espécie S. thermophilus produz grandes quantidades da enzima lactase, o que pode ajudar pessoas que possuem intolerância à lactose, uma vez que o organismo humano não produz essa enzima, gerando problemas para algumas pessoas quando ingerem alimentos contendo este carboidrato.

Onde encontramos os probióticos?

Probióticos estão presentes em alimentos, bebidas e suplementos. Porém a obtenção desses produtos não é tão simples, não se trata apenas de adicionar os micro-organismos aos alimentos. É necessário que eles não afetem as propriedades do produto, sobrevivam ao processo produtivo, durante o tempo em que o produto é estocado até ser consumido, e ainda à passagem pelo sistema digestivo, onde estarão expostos a uma série de enzimas, a um meio ácido, e vários outros fatores até chegarem ao intestino grosso, onde deverão desempenhar suas funções. Devem ainda, ser reconhecidos como seguros para o consumo humano.

No Brasil, o principal produto que contém probióticos são os iogurtes. Muitos bastante caros, que prometem auxiliar na saúde gastrointestinal e melhorar a qualidade de vida. Foram bastante aceitos no mercado e muitas pessoas se beneficiam desse alimento funcional de fácil consumo e saboroso.

Além dos iogurtes propriamente ditos, outros tipos de leites fermentados contendo probióticos também são bastante consumidos.

Alguns tipos de queijos cremosos, que são fermentados, também possuem micro-organismos capazes de sobreviver ao ácido estomacal e aos processos digestivos e chegarem ao intestino, atuando assim, como probióticos. Um exemplo é o queijo Gouda.

O misô, uma pasta fermentada de soja, dá origem a um prato típico oriental, que também traz os benefícios dos probióticos, a sopa de misô.

Uma alternativa aos alimentos contendo probióticos, é o seu consumo direto na forma de suplementos, como cápsulas, pós, tabletes ou líquidos.

Quais os benefícios dos probióticos?

O mecanismo pelo qual os probióticos atuam no organismo humano ainda estão sendo entendidos pelos cientistas, mas as prováveis formas através das quais eles fazem bem à saúde seriam as seguintes:

Mas os benefícios dos probióticos podem ir além das funções intestinais e pesquisadores ainda investigam seu papel em outros aspectos como complicações de pele, saúde do trato urinário e genital, da mucosa oral e ainda outros tipos de alergias e resfriados.

Pesquisas têm apontado também papel no aumento da absorção de cálcio e na densidade óssea em adolescentes e mulheres pós-menopausa; no tratamento da obesidade e diabetes tipo 2. Os probióticos parecem influenciar no controle do peso, na regulação da saciedade e do balanço energético do organismo, de acordo com os dados de estudos em animais e humanos.

Probióticos x Prebióticos

Como já dissemos, os probióticos são os próprios micro-organismos, ainda vivos, que podem ajudar na função da flora natural do organismo. Já os prebióticos, são nutrientes que fornecem substratos para fermentação das bactérias já presentes no intestino. São, quimicamente falando, carboidratos não digeridos pelos humanos por serem resistentes à ação enzimática, na sua maioria oligossacarídeos, que podem ser fermentados pela flora intestinal, servindo de alimento para algumas espécies de micro-organismos.

Eles são fermentados na região do intestino grosso, produzindo ácidos graxos de cadeia curta que irão nutrir as bactérias da flora presente na região.

Alimentos que contém prebióticos são dos grupos das leguminosas, frutas, grãos, cereais, etc. Alguns exemplos são: banana, aveia, mel, vinho, aspargos, alcachofra, soja, tomate, trigo, lentilha, leite, cebola, alho, alho-poró, caldo de cana, cevada, etc.

Os prebióticos podem ser consumidos sozinhos, ou ainda em conjunto com probióticos, otimizando os benefícios promovidos por eles. Neste caso são chamados de simbióticos.

Dicas Importantes

Referências adicionais

  1. Beighton, D., et al. “Oral Bifidobacteria Caries-associated Bacteria in Older Adults.” Journal of dental research 89.9 (2010): 970-974.
  2. Christine Delorme, Safety assessment of dairy microorganisms: Streptococcus thermophilus, International Journal of Food Microbiology, Volume 126, Issue 3, 1 September 2008, Pages 274-277, ISSN 0168-1605, http://dx.doi.org/10.1016/j.ijfoodmicro.2007.08.014.
  3. Chapman, C. M. C., G. R. Gibson, and I. Rowland. “Health benefits of probiotics: are mixtures more effective than single strains?.” European journal of nutrition 50.1 (2011): 1-17.
  4. Hickson, Mary. “Probiotics in the prevention of antibiotic-associated diarrhoea and Clostridium difficile infection.” Therapeutic advances in gastroenterology (2011): 1756283X11399115.
  5. Hempel, Susanne, et al. “Safety of probiotics to reduce risk and prevent or treat disease.” (2011).
  6. Whelan, Kevin. “Editorial: The Importance of Systematic Reviews and Meta-Analyses of Probiotics and Prebiotics.” The American journal of gastroenterology 109.10 (2014): 1563-1565.
  7. Hill, Colin, et al. “Expert consensus document: The International Scientific Association for Probiotics and Prebiotics consensus statement on the scope and appropriate use of the term probiotic.” Nature Reviews Gastroenterology & Hepatology 11.8 (2014): 506-514.

Fonte

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